Desde Dezembro de 2002 tenho procurado evitar falar sobre mim em qualquer dos espaços em que escrevo. Nem sempre consigo — a maioria das vezes, não. Existe uma outra razão: há doze anos percorro labirintos da vida, fugindo feito louca do monstro com corpo de gente e cabeça de sofrimento que insiste em me perseguir. Fujo, mas a cada curva do rio, ele está lá, não me deixando esquecer o passado recente.
E neste período, as lembranças tornaram-se quase uma realidade. A árvore de Natal não esta montada este ano. O presépio, pela primeira vez, permanece guardado nas caixas, as luzes coloridas que não acendem. Pela primeira vez, também, me sinto órfã. Na verdade, inaugurei esta condição há 8 anos, mas só hoje, sem aqueles que propiciaram o milagre da minha criação, sinto-me assim. Mas há um pedaço de mim (e posso garantir que não é pequeno) que queria continuar a ser filha, a pequena …! Queria acordar com cheiro de café, saber o cardápio de domingo somente na hora de sentar à mesa, assistir, juntas, tv de madrugada. Especialmente nesta época, a oitava sem ela. A coisa vai ficando mais difícil, os sentimentos vão aflorando, as lágrimas descem sem querer ao ver uma vitrina bonita, ao ver um neto caminhando lado a lado com a avó. Na contabilidade natalina, falta um presente, um abraço, um beijo, um sorriso. Não há nem o debate sobre a ceia de Natal. A ceia de Natal... farofa igual, nunca mais, nem peru, nem arroz com passas. Se duvidar, nem castanha portuguesa com o mesmo sabor. Mas isso não é quase nada, se não vai haver mais suco de abacaxi, doce de mamão e de carambola de estrelinha.
Nem beijos no meio da noite, orações em família, elogios emocionados, opiniões maternas. Nunca mais chamar alguém de mãe, mas sim de avo. O oitavo Natal sem ela confirma que nunca mais nada será igual.A vida passa tão rápido e a gente perde um tempo enorme com besteiras. Brigas, confusões, ideologias baratas, imposições para fazer valer nossa vontade, quando apenas duas realidades existem: o nascimento e a morte. Neste meio-termo, apenas os amigos que, por ventura, vamos conquistando. E depois, a falta que ela faz e que nós iremos fazer um dia.As crianças sentem falta, os adultos sentem falta, até os pássaros e as plantas também. Uma saudade que só deixa quem fez sua existência realmente valer a pena. Vai ser dureza este primeiro Natal e os próximos. Com o tempo, sei que irão chegando outras pessoas, algumas vão partindo. Tudo é parte deste mistério chamado vida, mas este ano, em especial, com certeza não vai ser igual aos que passou a oito anos a trás.
Tento recordar tudo de bom!
E neste período, as lembranças tornaram-se quase uma realidade. A árvore de Natal não esta montada este ano. O presépio, pela primeira vez, permanece guardado nas caixas, as luzes coloridas que não acendem. Pela primeira vez, também, me sinto órfã. Na verdade, inaugurei esta condição há 8 anos, mas só hoje, sem aqueles que propiciaram o milagre da minha criação, sinto-me assim. Mas há um pedaço de mim (e posso garantir que não é pequeno) que queria continuar a ser filha, a pequena …! Queria acordar com cheiro de café, saber o cardápio de domingo somente na hora de sentar à mesa, assistir, juntas, tv de madrugada. Especialmente nesta época, a oitava sem ela. A coisa vai ficando mais difícil, os sentimentos vão aflorando, as lágrimas descem sem querer ao ver uma vitrina bonita, ao ver um neto caminhando lado a lado com a avó. Na contabilidade natalina, falta um presente, um abraço, um beijo, um sorriso. Não há nem o debate sobre a ceia de Natal. A ceia de Natal... farofa igual, nunca mais, nem peru, nem arroz com passas. Se duvidar, nem castanha portuguesa com o mesmo sabor. Mas isso não é quase nada, se não vai haver mais suco de abacaxi, doce de mamão e de carambola de estrelinha.
Nem beijos no meio da noite, orações em família, elogios emocionados, opiniões maternas. Nunca mais chamar alguém de mãe, mas sim de avo. O oitavo Natal sem ela confirma que nunca mais nada será igual.A vida passa tão rápido e a gente perde um tempo enorme com besteiras. Brigas, confusões, ideologias baratas, imposições para fazer valer nossa vontade, quando apenas duas realidades existem: o nascimento e a morte. Neste meio-termo, apenas os amigos que, por ventura, vamos conquistando. E depois, a falta que ela faz e que nós iremos fazer um dia.As crianças sentem falta, os adultos sentem falta, até os pássaros e as plantas também. Uma saudade que só deixa quem fez sua existência realmente valer a pena. Vai ser dureza este primeiro Natal e os próximos. Com o tempo, sei que irão chegando outras pessoas, algumas vão partindo. Tudo é parte deste mistério chamado vida, mas este ano, em especial, com certeza não vai ser igual aos que passou a oito anos a trás.
Tento recordar tudo de bom!
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