Até agora, a Filosofia tem sido mantida distante da criança e, dependendo da abordagem pedagógica e antropológica que fizermos, ela deveria mesmo estar afastada. O problema não é nada simples: para alguns, a racionalidade necessária à elaboração do pensamento filosófico ainda não estaria presente (pelo menos nas primeiras fases da infância), enquanto que, para outros, a capacidade de indagação, questionamento e perplexidade, (que constitui a ferramenta principal da Filosofia) se mostra com toda a espontaneidade precisamente na criança. Nas últimas décadas, o programa de Filosofia para Crianças, proposto pelo norte-americano Matthew Lipman e hoje atraindo o interesse da UNESCO e da UNICEF, tem mostrado a possibilidade e a necessidade de tal prática. Partindo do pressuposto, que nenhum acto pedagógico pode ser concebido sem uma finalidade ética (muito menos na Filosofia), um programa de Filosofia para Crianças não pode ser desprovido de eticidade. Para Lipman, o próprio desenvolvimento de uma Comunidade de Investigação, criada no âmbito do seu método de filosofar com as crianças, é uma proposta ética, promotora da capacidade de cooperação e interlocução tolerante entre os membros desta comunidade. E mesmo fora do contexto das ideias lipmanianas, a interdisciplinaridade, que hoje se reconhece como indispensável, permite estabelecer pontes entre Ética e Filosofia, já naturalmente existentes. Neste contexto, a nossa proposta consiste em evidenciar a possibilidade de contemplar, no 1º Ciclo, uma metodologia “filosófica”.
quarta-feira, 17 de março de 2010
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